segunda-feira, 16 de abril de 2012

"Véus da Noite"

Os véus da noite vão nublar
Os negros olhos
De alguém que está sozinho
Na solidão, tristonho a meditar
Sem encontrar ninguém
Em seu caminho

Se dorme, o sono é pesadelo
É dessabor
É um mundo diferente ao despertar
Suspira por não ver seu grande amor
Murmura de saudade ao relembrar

Depois de uma noite mal dormida
A nostalgia envolve os corações
Desanimado
Sem lar e sem guarida
Recebendo como recompensa
Só humilhações

Quantas criaturas tão injustiçadas
Batalhando pela sua liberdade
Quanto mais ajuda a alguém
As pessoas são desprezadas
Recebe em troca a cruel falsidade

Parece Feitiço

A vida é ilusão, creio nisso
Sempre a esperar
Parece feitiço
Por mais que se faça, tudo é pouco
Se o tempo passa, nos deixa louco
Vivendo iludido, a vida não tem graça

Cada vida tem seu preço Acredito
Se a gente lutar e não vencer
Lembrando um passado bonito
Ficou gravado, jamais vamos esquecer

Vivemos a esperar melhores dias
Alimentando a esperança de um porvir risonho
Realizando assim o nosso sonho
Nossas aventuras, nossas alegrias

Para muitos
A vida é só tristezas
Um oceano de dor e nostalgia
Caminhos inseguros
Por traz das incertezas
Sem carinho, sem amor, sem alegria .

Nordeste Malvado

                                                                                         1987


De onde vens nordestino
Pisando esse quente chão?
Eu venho lá do agreste, do cariri, do sertão
Mas lá a seca apavora
Tenho mesmo é que ir embora
Que aqui não chove mais não

Pra onde vais nordestino
Se esse lugar é seu?
Desprezando seu torrão
O berço que Deus lhe deu?
Eu lhe respondo "Cumpade"
A tristeza que me invade
É que esse ano não choveu

Escuta amigo, não vá não
Não saia do cariri
Para o Brejo, ou para o Sul
O Deus de lá, é o daqui
Não adianta, patrão
Não aguento mais o verão
Meu sonho agora é sumir!

O nordeste é seco malvado
A vida é um cativeiro
Esse ano não choveu
O gado já emagreceu
E se não chover em Janeiro
O pobre caririzeiro
Vai morrer sacrificado

Minhas Ilusões

Encarei a vida, cumprindo o destino
Esperando encontrar quem eu mais queria
Saí pelo mundo, tal qual menino
Sem saber de nada, sem ter alegria

Depois, percebi minha ilusões
A caminho do mundo das desventuras
Parei no país das decepções
A mais desditosa das criaturas

O tempo passava, vai dia e vem dia
De pouco a pouco, me acostumei
Mesmo na "masmorra" em que eu vivia
Sem medir esforços, a vida comecei

Chegando os filhos a vida mudou
Aumentando só as preocupações
Graças a um Deus que nos ajudou
Das crianças o choro, era a diversão

Minha vida foi ingrata
Não gosto de relembrar
Mas hoje agradeço a Deus
Que nos ajudou enfrentar
Se alguém não penou como eu
Da vida nada sofreu
Não sabe o que é lutar.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Coisas adversas

Lá no infinito azulado
Há milhões de estrelas brilhantes
No planeta terra está escravizado
Milhões de peregrinos emigrantes

Olho o céu escuro nevoento
Essas nuvens que o vento vai levando
Quanta gente entregue a dor e ao sofrimento
Sai pelo mundo afora mendigando

Quantas pessoas vivem a liberdade
Nadando em ouro, só pensam em ambição
Uns apunhalam pelas costas, quanta crueldade!
É o desajuste total da nossa nação.

Sempre ouvi um ditado certo:
Matos tem olhos, paredes tem ouvidos.
Os crimes serão sempre descobertos
Por mais que sejam escondidos.

Portanto não existe mais segredos
Que "mestre povo" tenta descobrir
Em tudo existe quem viva do enredo
Um dia a bomba tem que explodir.

Nostalgia e Silêncio

No silêncio das horas, em que pensamos
A nostalgia envolve o coração
Cada segredo, cada mágoa meditamos
Uma voz que emudeceu de solidão 


Alta noite... o silêncio apavora
Nem a lua, nem as estrelas falam nada
O solitário em seu leito, triste chora
Ouvindo a voz surda, da fria madrugada 


E assim, ver passar cada minuto
Triste, pensativo, sem amor e sem carinho
Ás vezes sente medo de seu próprio vulto
E a noite passa, cada vez mais sozinho 


Começa o novo amanhecer
Chega ao fim, o clarão de um novo dia
Foram embora a lua, as estrelas... É o alvorecer
Que desfez o silêncio de sua nostalgia

O que vi ...

Vi a chuva cair forte
E fazer transbordar os rios
E a seca do meu Norte
Queimar ao sol dos estios

Vi o sol por trás das nuvens
Se esconde nos horizontes
E a lua prateada
Clarear a cima dos montes

Vi as estrelas cintilantes
Reluzindo na amplidão
E as águas da cachoeira
Murmurar em doce canção

Vi a criança abandonada
Sem lar, sem pão
Sem abrigo
Porque o rico orgulhoso
Não dá a mão ao mendigo

Vi enfim a juventude
Entregue a poluição
E o comunismo querendo
Tomar conta da nação

terça-feira, 10 de abril de 2012

Dias Vazios

Sentia firmeza em tua companhia
Tudo era amor
Prazer e Alegria
Minha vida hoje, é poema de dor
Pouco importa a crítica, ou os elogios
Meus dias vazios
Me faz sentir pavor
Por sentir a dor dessa nostalgia

Quisera voar para o infinito
Deixar o meu grito
Extravasar a alma
Ver se encontro a calma
Que não encontrei
Se o meu destino, é ingrato e malvado
Recordo o meu passado
Que foi tão bonito

Perdido na cidade montanhosa
Procuro a saída
Por caminho desconhecido
Numa estrada
Cada vez mais escalabrosa
Sinto em meu caminho
Cada vez mais perdido

Pois a distância
Entre relevos e paredes montanhosas
Desperta a sensação
De que não estou sozinho
Triste sentindo uma noite invernosa
Cada vez mais perdido em meu caminho.

Sentado á beira do caminho.

                                                                                                                       10/04/88

Havia uma pedra
Á beira do caminho
Havia uma pedra; Pra quê?
Para quem estava, chorando sozinho...
Havia uma pedra... Por quê?
Porque alguém estava
Sem amor, sem carinho...
Havia uma pedra...
A beira do caminho, havia uma pedra...
Para mim que estava
Sentado, chorando sozinho...
No meio do caminho, havia uma pedra...
Para mim que estava
Sem teto, sem ninho...
Havia ao longe, o fim do caminho...
A beira da estrada
Uma pedra no caminho
Na madrugada, eu sentado sozinho...
Naquela pedra, esperando alguém
Que me trouxesse amor e carinho
Havia uma pedra, ali eu chorava...
E na pedra que havia
Ninguém consolava
Na beira do caminho
Onde alguém passava
Fingindo ver
Que na pedra eu estava
A beira do caminho
Sozinho eu ficava, triste sozinho...
Na pedra que havia
No meio do caminho... 

Deserto solitário

Nesse deserto solitário a meditar
Sonhando sempre, no que foi outrora
Um pensamento : Onde estará?
Se perde na distância
Olhando a mocidade
Que ficou pra trás
Relembrando os dias
Rudes da infância
Que pela neve do tempo se desfaz

Quantas pessoas
Vivem as esperanças
Sobre o teto da ciência realizar
Um sonho que é um mar
Em ondas mansas
realidade que jamais existirá

Na lírica paisagem
Que se descortina
Admiramos tudo o que Deus fez
Por trás dessa tela
Cumpro minha sina
No frio cárcere de minha inviuvez.

A inviuvez é a negra escuridão
A sombra triste de um deserto!

Que fazer para conquistar a felicidade?

Para conquistar a felicidade
Eu te aponto aquele, ao meu ver
É o caminho mais difícil
Mas o mais certo e belo de todos:
Luta, com invencível serenidade
E persistência, para tudo o que te cerca
Os homens e as coisas sejam felizes

Aquela é uma vítima da injustiça?
Apressa-te em defender os seus direitos esquecidos
Aquele outro está com fome?
Divide o teu pão.
Há uma mulher chorando com sede?
Acompanha-a muito naturalmente
Ao rio de águas frescas.
Todos tem febre?
Agasalha nos teus braços,
Quantos couberem em teu coração
Recorda-te sempre, que o Senhor dá felicidade
É ao que deu aos outros,
Mais que recebeu
E quando tua alma,
Retratar apenas fisionomias serenas,
Frutos do teu amor
Trabalho, e compreensão
Nesse dia terás encontrado
Para todo o sempre
A tua felicidade.

Destino traçado



Saí pelo mundo
Tentando encontrar
Aonde ficar
Pra viver feliz
O destino não quis
Fiquei só vagando
Sempre me mudando
Sem poder parar

Cada um tem na vida
O destino traçado
Sempre preparado
Não adianta fugir
Da realidade
Porque na verdade
A felicidade
Não tem saída

Se alguém quer subir
Os degraus da fama
Não faça drama
Pode ser pior
Prevenir é melhor
Que se remediar
Não se pode ganhar
Sem saber pedir

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Minha Infância


1º poema - 1971


Na minha infância descuidada,
Quando eu parava, ás vezes,
Adiante de quem eu lia,
Em cada sílaba, em cada frase, observando...
Ah! Que inveja cruel que eu sentia!

E pensava comigo:
Eu hei de ver um dia a luz da
Ciência brilhar em meu redor.

Comecei a tentar com vigor, com ironia,
Formando as sílabas sozinha,
Como achei melhor.

De pouco a pouco, fui realizando
O mais lindo sonho que imaginava
Ao fazer meu nome sozinha
Parecia estar sonhando
E nem todos que viam, acreditavam.

Com tristeza, não pude estudar
Pois o trabalho, cobrou um alto preço
E pobre, como eu era,
Obedecer foi a solução.
Hoje o pouco que sei, agradeço
A um Deus, que foi bom mestre
E me deu a inspiração.

Minha infância, que ficou tão triste
Não me ensinou conhecer belezas mil
Mas por mim mesma sei,
Quanta grandeza existe
Nas letras do nome
Desse meu Brasil.

Minha História

Nasci numa velha tapera
O rancho onde me criei
Junto aos meus 10 irmãos
A juventude passei
Sem orgulho e sem vaidade
Dos dias da mocidade
A lembrança guardarei

Da infância a juventude
Só guardei humilhações
Vivi mas não vi a vida
Só tristes recordações
Para alguém que acredita
A minha história é bonita
Mas cheia de provações

Trabalhei desde criança
Para ajudar aos meus pais
Sem enfado, sem preguiça
Trabalhei até demais
Embora não ganhei fama
Mas quem conhece meu drama
Hoje levava aos jornais

Não gozei a mocidade
Pois meu destino assim quis
Até meus 17 anos
Não consegui ser feliz
Aí mudou minha vida
Ingênua e despercebida
Valeu o esforço que fiz

Embora na minha infância
Nada consegui aprender
Era humilde e trabalhava
E sonhava saber ler
Pelo desejo que tinha
Consegui quase sozinha
 O pouco que sei escrever

Graças aos meus esforços
Que ajudou com o destino
Também a fé que guardava
No nosso mestre divino
Pois é bem certo o ditado:
O espinho vem preparado
Pra furar, desde pequenino

Passava os dias lutando
E as noites sem contentamento
Sem festas, sem diversão
Não esqueço um só momento
Quando aos 17 anos surgiu
O homem que conseguiu
Mudar o meu pensamento

Desse dia por diante
Tudo era diferente
Não conseguia apagar
Seu nome da minha mente
A amizade crescendo
Já parecia o estar vendo
Por mais que estivesse ausente

Assim passaram 2 anos
De uma esperança tão pura
Pois nem o fogo destrói
Uma afeição tão segura
Coisa que não desfalece
Quando o amor acontece
Na vida da criatura

Eu que guardava comigo
O olhar de quem não sofreu
Tive que sofrer bastante
Por tudo o que aconteceu
Pois não tinha experiência
Mas Deus me deu paciência
E o sacrifício valeu

Começamos nossa vida
Sem luxo, sem condição
Pra enfrentar o futuro
Mas Deus nos deu proteção
Pra começar nosso jogo
A maior prova de fogo
Cheia de mil provações

Depois de muito lutar
Sempre tentando vencer
Os dias foram passando
Cumprindo o nosso dever
Os filhos foram chegando
As preocupações aumentando
Alegrando o nosso viver.

A essa altura tínhamos feito
Um rancho pra nosso abrigo
Tudo era maravilhoso
Deixamos de ser mendigo
Quando tudo tinha começado
  Veio alguém tirou um “bocado”
Parecendo até castigo

Mas, sem baixar a cabeça
Continuava lutando
Sempre com fé em um Deus
Que vinha nos ajudando
Trabalhando com economia
Quando alguém nos perseguia
O pouco ia aumentando

Com a ajuda de Deus
Os filhos foram crescendo
Cada um ajudava um pouco
E assim ia-mos vivendo
Com um trabalho vantajoso
Mas, a ajuda do invejoso
Sempre sempre aparecendo

Por incrível que pareça
Não é fácil acreditar
Sem ter casa, sem dinheiro
Pra uma vida enfrentar
Uma situação singela
E o capítulo da novela
Todo ano a reprisar


Pra vencer com economia
Precisa ter “matemática”
Uma família numerosa
Traz situação dramática
Tem que enfrentar sem medo
Dormir tarde, acordar cedo
Que é a ciência mais prática

O Zé começou a vida
Trabalhando de vaqueiro
Dois anos sem recompensa
Foi trabalhar de sapateiro
O sitio que estamos no momento
Começou o desmatamento
Debaixo de um umbuzeiro

Pra se encarar a vida
Não vá de cabeça baixa
Tem que fazer bons amigos
Pra não ser bandeira sem faixa
Foi quem nos salvou no deserto
Pois mais vale amigo certo
De que dinheiro na caixa

Quem quer acertar na vida
Pra conseguir ser feliz
Tem que sofrer confiante
Fazendo como eu já fiz
Suportar, como eu suportei
Chorar, como eu chorei
Querer como eu já fiz

Graças aos bons amigos
Que jamais vamos esquecer
Junto ao crédito bancário
Nos ajudaram a vencer
Aumentando as plantações
Com boas orientações
O que temos que agradecer

Hoje a família cresceu
Parece até que vencemos
O que passou, já passou
Um drama terrível vivemos
Para qualquer criatura
Foi uma tarefa dura
Onde a vitória alcançamos

Mas, o tempo está passando
A mocidade fugindo
Por aí vem a velhice
Que anda nos perseguindo
Sempre contando a vitória
Quem conheceu minha história
Não diz que estou mentindo

Para encerrar a história
Parece até brincadeira
Fizemos a casa e um poço
Preparamos os campos e o “cilo trincheira”
E para viver em paz
Construiu um biogás
Com ferro, luz, fogão e geladeira.
                     
                                                    Maria da Purificação B. Ramos