sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nordestino aflito

Tenho medo de acordar
E ver o céu tão vazio
Tão feio, tão carrancudo
Que dá medo, que dá frio

Quando a noite clara e seca
Cobre a terra amargurada
Vou à porta do meu rancho
Ponho o ouvido pra amplidão
Quem me dera, ouvir de longe
O rebumbar do trovão

Mas o que escuto é somente
O vento triste miando
Pelas serras do sertão

Sou explorado, senhor
Trabalho na meiação
Um ano a seca me furta
Outro me furta o patrão

Desde o nascer ao morrer
Da manhãzinha ao sol posto
Só dois direitos me dão:

Primeiro pagar imposto
Depois dá tudo ao patrão
Mas, mesmo assim, meu senhor
Mandai chuva pra o sertão

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