Tenho medo de acordar
E ver o céu tão vazio
Tão feio, tão carrancudo
Que dá medo, que dá frio
Quando a noite clara e seca
Cobre a terra amargurada
Vou à porta do meu rancho
Ponho o ouvido pra amplidão
Quem me dera, ouvir de longe
O rebumbar do trovão
Mas o que escuto é somente
O vento triste miando
Pelas serras do sertão
Sou explorado, senhor
Trabalho na meiação
Um ano a seca me furta
Outro me furta o patrão
Desde o nascer ao morrer
Da manhãzinha ao sol posto
Só dois direitos me dão:
Primeiro pagar imposto
Depois dá tudo ao patrão
Mas, mesmo assim, meu senhor
Mandai chuva pra o sertão
Nenhum comentário:
Postar um comentário